domingo, 30 de outubro de 2011



Tem lembrança que doi, que faz rir mais do que cócegas. Tem a lembrança difícil, que tortura, entrega uma gigantesca felicidade emprestada, das que arranca sinceros sorrisos e de uma hora pra outra está levando embora toda a felicidade que trouxera, deixando só suspiros e a sensação de que há muito espaço no peito. Dá uma leseira parente do cansaço, as pálpebras pesam toneladas ecoando o que o coração sente e o rosto, contorcido e molhado ilustra essa estranha e encrenqueira desordem. Esse tipo desastrado de lembrança deveria trazer consigo um abraço pra arrumar suas bagunças.


E eu te vejo passar, moreno. E junto de você passam as lembranças, os sonhos, os planos, os desejos e os carinhos. A vontade de te ter pra mim, de novo. Mas junto disso tudo vem à mágoa e a amarga lembrança da decepção que ainda reina em meu coração. Junto de ti vem a recordação de vários momentos bons, de meses de risadas que em um dia viraram lágrimas. Porém, junto de ti vem a conformação de um machucado coração, que não pensou em desistir, que lutou por ti, até que enfim percebeu que o teu amor rompeu. E hoje, ele anda nor(mal) apenas com lembranças de um passado distante que não volta a ser como antes.


E o inverno começa a chegar, e as minhas mãos a gelar. Meu coração aperta e alerta: vou sentir saudade. E continuo com essa vontade de te ter aqui, pra mim. No email te vejo entrar, tenho uma enorme vontade de falar, mas esse orgulho parece não deixar, e a minha fala faz bloquear. E é assim, de janeiro a janeiro, de inverno a verão. Continuo enganando meu coração, dizendo que você vai voltar e pra sempre vai ficar. Engano-me sozinha, mas vou parar de me enganar, pois uma companhia que saiba me amar vai chegar.